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São Paulo, o apóstolo da Evangelização Enculturada

Esse artigo dos Atos dos Apóstolos nos mostra o cristianismo tentando dialogar com o mundo grego pagão.

A passagem do apóstolo Paulo. Uma das colunas da igreja . O apóstolo do pagão. Pela cidade grega de Atenas, não foi por acaso. Atenas era uma amostra altamente representativa do mundo grego helenístico, uma cidade cosmopolita, repleta de propostas culturais e aspirações religiosas. É diante dessa nova e desafiante realidade cultural e religiosa, que o apóstolo dos gentios procura enculturar e transmitir a boa nova do Cristo Jesus.

Enculturação do Evangelho que terá como ápice, e momento central o seu discurso filosófico teológico no areópago da cidade de Atenas. Lugar onde os atenienses se reuniam para ouvir sobre temas filosóficos, teológicos e religiosos.

O apóstolo dos gentios que fala aos atenienses do Deus Desconhecido que eles adoram sem conhecer. Este acontecimento é um marco muito importante para a evangelização, pois nos mostra o diálogo que o apóstolo Paulo deseja ter com as diversas culturas existentes de sua época.

A cidade de Atenas era um centro de estudo. Era uma cidade-universitária um símbolo ideal da cultura helenista. Os habitantes dessa cidade tinham uma forte sensibilidade religiosa e uma grande formação intelectual. Era testemunhada pelos acervos de símbolo religiosos e monumentos: templos. Estátuas, altares votivos.

O apóstolo Paulo enfrenta esta nova realidade com métodos novos e livres de esquematismo. Dirigindo sua mensagem para aqueles que estavam fora das sinagogas e do círculo judaico. Levando a palavra a massa dos gregos curiosos e de filósofos que frequentavam o lugar de debate e vida pública.

O apóstolo Paulo pregou em praça pública. Era a primeira vez que ele enfrentava com o rosto descoberto sem a proteção do lugar do culto e do clima religioso e sim o mundo da cultura profana, pluralista e liberada. A sua pregação enculturada do Evangelho do Cristo Jesus, cita os dois representantes típicos de duas correntes espirituais e humanistas do ambiente grego. O estoicismo e o epicurismo. O discurso evangelizador do apóstolo Paulo no areópago foi um fato de excepcional bravura, como exemplo de pregação cristã aos representantes da cultura helenista.

Esse artigo dos Atos dos Apóstolos nos mostra o cristianismo tentando dialogar com o mundo grego pagão. Representando um exemplo notável de abertura e desejo de dialogar com outras culturas.

Esta abertura que o apóstolo Paulo teve para o diálogo com outras culturas, é um convite para que a nossa Igreja Veterocatólica Missionária faça a mesma coisa. Principalmente na cultura midiática, filosófica, e científica.

Paulo cita filósofos pagãos

Podemos afirmar que o apóstolo Paulo citou descrentes pagãos no Novo Testamento. Mas ele não os citou com o propósito de apoiá-los. Em vez disso, ele os citou aqui e ali para ajudar a defender e divulgar o Evangelho de Cristo. Para ele fazer isso, ele teria que estudar seus ensinamentos. Se Paulo pôde fazê-lo, nós também podemos, desde que coloquemos citações no contexto apropriado, expondo o erro ou construindo uma ponte pela qual possamos apresentar melhor a verdade da palavra de Deus.

Em Atos dos Apóstolos 17:28, “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos disseram: Pois somos também sua geração.”

“A primeira parte do versículo 28 vem de Crética por Epimênides, e a segunda parte de um Hino a Zeus, escrita pelo poeta cilício Arato. Com certeza, ambas as linhas foram dirigidas a Zeus na literatura grega, mas Paulo as aplicou ao Criador de quem ele falava.“ Paulo citou “a primeira metade da quinta linha, palavra por palavra, de um poema astronômico de Arato, um compatriota grego do apóstolo, e seu antecessor por cerca de três séculos. Mas, como ele sugere, o mesmo sentimento é encontrado em outros poetas gregos, eles queriam dizer, sem dúvida, em um sentido panteísta, mas a verdade que expressa o apóstolo se volta para seu próprio propósito – ensinar um Teísmo espiritual puro, pessoal..“

1 Co. 15:33, “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.’”

Paulo citou Menandro no livro de Atos e em 1 Coríntios. Ele da mesma forma citou Epimênides no livro de Tito. Paulo também cita dois outros escritores pagãos, Arautos e Menander (At 17:28) – (1 Cor 15:33), mas ele não os honra sequer citando seus nomes. Como podemos ver, o apóstolo Paulo citou claramente os incrédulos. Mas devo dizer novamente que ele ao fazê-lo não apoiou a inspiração ou a sabedoria deles. Nós, cristãos, às vezes citaremos um livro ou outro como meios de comparações o de mórmon, ou mesmo o Alcorão por exemplo. Mas, ao fazê-lo, nosso objetivo deve ser expor e apresentar o erro desses sistemas religiosos e promover a verdade do cristianismo, conforme revelada no Novo Testamento observando as palavras do Mestre Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai se não por mim” e mais: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vós libertar´”.

Somos livres para estudar outros sistemas filosóficos e religiosos, mas seguir rigorosamente nossa doutrina torna-se obrigação, pois ela é fundamental para nosso crescimento espiritual. Lembrando que devemos fazê-lo com o objetivo de usar as informações que temos para equipar melhor a nós, e outros cristãos, e expor seus erros quando vão contra os sistemas falsos de pensamento.

2 Co. 10:5, “Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo.“

Ou seja, se Paulo teve abertura para o diálogo com outras culturas, fica claro que, devemos, em Missão apostólica fazer a mesma coisa, buscar outras culturas para nosso crescimento pessoal e da própria Igreja da qual pertencemos pensando em seu fortalecimento e apoio aos demais irmãos do clero. E como disse: principalmente da cultura midiática, filosófica e cientifica.

Enfim, temos que pensar na Missão de Evangelizar, a todos aqueles que se sentem abandonados e excluídos de alguma forma pela sociedade. Neste sentido acredito que nossa missão é evangelizar com novos métodos e novos meios de uma forma enculturada como fez o apóstolo Paulo, levando o Evangelho de JESUS CRISTO à toda criatura, na obediência e na fidelidade a hierarquia da Santa Igreja Veterocatólica Missionária.

Por Monsenhor Padre Wagner Sabóia Frota / IVCM

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