O sacristão é um leigo ou religioso que é responsável pela ordem, cuidado e limpeza da igreja. Encarrega-se de que o sacerdote tenha todo o necessário para presidir a Eucaristia em cada tempo litúrgico, festa e solenidade. Durante a celebração da Missa, o sacerdote é assistido pelos acólitos, mas é o sacristão quem ajuda não apenas nas questões litúrgicas, mas também para o bom andamento cotidiano do serviço nas igrejas católicas.
Quando os fiéis vão à igreja católica participar de ato religioso e lá se deparam com o sacerdote devidamente ornamentado para a celebração, não imaginam que por trás das vestimentas devidamente alinhadas e passadas a ferro quente está o trabalho do profissional dos bastidores, que fica atento para deixar tudo pronto antes da missa começar.
O sacristão, cumpre uma tarefa que vai além de sua função. É ele quem conserta toda a indumentária do padre e do bispo, usadas por esses religiosos.
A expressão ‘a roupa nova do sacerdote’ quer dizer que o paramento está sempre bem cuidado pelo sacristão. Cada vez que a indumentária é vista pelos fiéis sendo usada pelo padre ou bispo dá a impressão de ‘nova’, tamanho é o zelo com o qual é preparada.
Além de usar seus dotes para consertar, o sacristão supervisiona a lavagem, quando as peças vão para a lavanderia, e também o tingimento de alguma eventual vestimenta. Tudo precisa ficar impecável para uso litúrgico. É dele também a supervisão de lavagem das toalhas de mesa e do altar da paróquia.
Todo sacristão milita como cuidador das indumentárias dos padres e bispos há muitas décadas. Geralmente Começa ainda na adolescência desde quando se inicia sua caminhada na companhia dos religiosos.
.Não por acaso ele mantém, na própria igreja, um kit com os instrumentos usados nos consertos das vestimentas. Um trabalho minucioso feito a mão com muita perícia usando tesoura, linha, botão, aviamentos, renda e outros ornamentos da alfaiataria. No kit de consertos não pode faltar agulhas, tesoura, linha, cola, ‘unha de gato’ (instrumento útil para corte em local que a tesoura não entra).
Por se tratarem de vestimentas litúrgicas confeccionadas com muitos detalhes de decoração feitos, conforme a orientação, o conserto precisa também seguir um padrão de estética para manter a originalidade. Até na hora de passar os paramentos é o sacristão quem faz. Ele argumenta que as vestes, algumas com ‘pregas romanas’, precisam também de técnica para passar e ficar prontas para uso.
Os consertos levam horas e exigem recuperar a vestimenta por completo. Por questão de adaptação, muitos acessórios são comprados no comércio em lojas específicas e adaptados.
Os bordados litúrgicos fazem parte do processo da igreja. Alguns paramentos são bordados com lírios, outros com cachos de uva, (referência à eucaristia), ainda existem os que exibem o cordeiro (numa alusão a Jesus Cristo, o cordeiro imolado). Segundo o sacristão, os paramentos também exibem os símbolos da eucaristia, o cálice, a hóstia, o ramo da videira, de onde nasce o vinho e até as iniciais JHS-Jesus Hóstia Santa.
Chama a atenção a dedicação dos sacristão em cuidar também dos objetos litúrgicos, o cálice e outros utensílios usados pelos sacerdotes nas cerimônias religiosas, a separação de todos os objetos, para cada tipo de ato religioso (missa, batizado, casamento, cerimônia fúnebre). É sua função cuidar daquilo que é sagrado. Embora remunerado pelo trabalho, o sacristão garante que não faz somente pelo salário que recebe mensalmente, mas sim por amor à causa e respeito ao sagrado.
O sacristão domina bem o conhecimento sobre cada tipo de vestimenta que o sacerdote vai usar nas celebrações eucarísticas, de acordo com a época do ano, seguindo orientação conforme Decreto da Igreja, inclusive na cor da indumentária. ‘Casula’ ou ‘paramento’ são os nomes atribuídos às vestimentas de cores diferentes, cada cor definindo o tipo de cerimônia, conforme o período do ano.
A roxa usada em época do advento, quaresma, ou cerimônias fúnebres. Amarelo (ouro) ou branco, em batismos, casamentos e missas de padroeiros. O vermelho é propício para o ‘comum dos mártires’ festas do Santos, o verde, ‘tempo comum da igreja’ (sem especificidade) período mais longo da igreja. O rosa simboliza a alegria e só é usado em duas ocasiões no ano, no advento e na quaresma. O uso da túnica por exemplo, é uma peça comum a todos os sacerdotes, inclusive a maior autoridade da igreja católica, usa a túnica na cor branca. Sobre ela, o sacerdote usa a estola (símbolo sacerdotal) peça de uso obrigatório na celebração religiosa.
O que muita gente não sabe é que um sacristão trabalha “a semana toda, e mais ainda nos domingos e dias festivos”. “Quando há Missa 7:00hs, precisa madrugar, quando há Missa 21:00hs, precisa se manter acordado”. O sacristão é o primeiro a chegar ao templo pela manhã e o último a sair. “Verifica se não ficou ninguém. Faz uma última vistoria para assegurar-se de que deixou as coisas em ordem”.
A maior virtude do sacristão é a paciência e a “exerce constantemente para tratar com afabilidade todas as pessoas, que nem sempre são amáveis nem prudentes”. Também tem a humildade para realizar tudo o que é preciso. “Adapta-se a varrer, a recolher e organizar os folhetos de Missa que as pessoas deixam, a apagar e tirar as velas gastas, a limpar os bancos e genuflexórios e até a tirar chicletes que alguns mal-educados deixaram colados na parte de baixo de seus bancos”.
Um dos maiores desafios desta ocupação é “lidar com diferentes sacerdotes”. Para um sacristão, é fundamental “ter a capacidade de adaptação, boa vontade, e colocar-se pronto para lembrar como cada um prefere que o ajude”. Também “chega a ter tamanha ligação com seu pároco, que basta que este lhe faça um gesto rápido, um olhar, uma pequena inclinação de cabeça, e capta instantaneamente o que precisa e se apressar a trazer-lhe”.
O serviço de sacristão é uma oportunidade de “crescimento espiritual. Que não beneficia apenas o sacerdote, mas que ajuda muito os fieis nas relações com as famílias, amigos e conhecidos.
Filho de camponeses da região belga de Brabante. Manso e generoso, Guido mostrou desde muito jovem o seu desapego dos bens terrenos, dando tudo o que possuía aos pobres. Desejoso de levar uma vida ascética, deixou também a casa paterna em Laken, perto de Bruxelas, escolheu o encargo de sacristão do vigário, para se tornar útil ao próximo e ao mesmo tempo se dedicar à oração e às piedosas práticas de ascese cristã.
A certa altura da sua vida, não por desejo de lucro, mas para constituir um fundo a favor dos pobres, pôs-se a fazer comércio. Não foi uma feliz escolha. Logo percebeu, pois o primeiro barco que conseguiu construir e vender afundou com tudo no Sena. Refletiu sobre o fato de ter abandonado sua vocação religiosa para trabalhar no comércio, mesmo que sua intenção fosse boa, ajudar os mais necessitados. Assim, deixou a vida de comerciante, vestiu um hábito de peregrino e pôs-se novamente no caminho de uma vida consagrada. Viveu a partir dali em constante peregrinação e assistência aos pobres e doentes.
Por sete anos percorreu as perigosas e longas estradas da Europa para visitar os maiores santuários da Igreja Católica. Depois da longa peregrinação, que incluiu também a Terra Santa, voltou para o seu país de origem, já fraco e cansado.
De volta da longa peregrinação, fraco e doente, hospedou-se na casa de um sacerdote de Anderlecht, cidadezinha perto de Bruxelas, da qual tomou o nome e onde pouco depois morreu, sem deixar uma lembrança particular. Morreu por causa de uma infecção, admirado por muitos e com fama de santidade, após ser sepultado na mesma cidade, seu túmulo tornou-se um famoso lugar de peregrinação. Por causa deste intenso tráfego de peregrinos, foi erguida no lugar uma igreja dedicada à sua memória, onde guardam suas relíquias.
A veneração de sua vida e testemunho cresceu principalmente entre os fiéis que serviam nas Igrejas, trabalhadores rurais, etc. São Guido o sacristão, tem sua memória muito atual, pois sua intercessão é sempre solicitada diante de Deus no combate contra epidemias que ameaçam a saúde. Portanto, a ele foram feitas muitos pedidos a Deus, rogando-lhe a graça, que a nação do mundo todo recorreu, quando mais precisaram de conversão de coração e alma, de acalento para os perigos que rondavam as pessoas que nem de suas casas podiam sair, principalmente no combate ao Coronavírus, a Covid 19 que ceifou muitas vidas.
No decorrer dos séculos a devoção a São Guido se difundiu. Assim sob a proteção do humilde sacristão. O santo é tradicionalmente representado como um peregrino de chapéu e cajado ou como um camponês a lavrar no campo na companhia de animais. O Dia de São Guido celebra-se a 12 de setembro.
São Guido rogai por nós!
Fonte: JAP com adaptações