Este dia especial, 15 de julho, tem sua razão de ser é o meu novo Dia da Amizade. Afinal as amizades representam uma das tantas exigências e belas conquistas do ser humano. Nesta data, reencontrei um amigo que desde 1976 não tinha mais contato. Durante toda minha vida, muitas pessoas passaram por mim, dia após dia. Mas somente algumas dessas pessoas, ficaram para sempre em minha memória. Essas pessoas as levarei para sempre em meu coração.
Hoje gostaria de falar de um amigo tricordiano, Monsenhor Marcos Rodrigues Fontana, nossa experiência de amizade, começou no ano de 1976, eu fazia filosofia religiosa na cidade de Três Corações e Marcos Fontana ingressava na cidade de Ouro Fino, Sul de Minas, no Seminário menor dos Capuchinhos. Minha amizade com a família iniciou com seu Pai, Senhor Fontana, era assim que o conheci, levando mantimentos para serem doados no Seminário que tinha como reitor o padre Ivo Bustamante, eu morava na Chácara do Bairro Cutia e, naquele momento de entrega das doações, estava na Igreja São Francisco existente ali perto.
Depois de algum tempo, um certo dia, passando por uma rua no Centro de Três Corações/MG, vi aquele Senhor generoso, e o cumprimentei. Como bom acolhedor e hospitaleiro, temente a Deus, o Sr. Fontana, me convidou que viesse passar umas horas com ele, tinha um filho vocacionado, que desejava ser frei, e seria muito bom minha aproximação com o jovem garoto, seis anos mais novo que eu. Começamos como amigos, hoje somos irmãos de fé. Podemos não ter o mesmo sangue, mas compartilhamos do mesmo coração e o mesmo desejo de servir a Deus. Por esta razão aceitei o convite e passei a frequentar a casa do jovem Frei Marcos Fontana.
Às vezes pelo simples fato de terem essa família cruzado meu caminho, pelo simples fato de terem dito uma única palavra de conforto quando eu precisei de ombros amigos. Por terem me dado um minuto de sua atenção e confiança de que eu de alguma forma poderia ser útil ao garoto vocacionado. Mas o ajudado acabou sendo eu, me ouviram falar de minhas angústias, medos, das minhas vitórias e derrotas, de solidão e fé em Jesus Cristo, me acolheram em seu lar, como um integrante querido e bem vindo. E abençoei fazer parte daquela família amiga e tão querida por todos.
Talvez por essa confiança em mim depositada, e me contado também seus dilemas comecei a frequentar esporadicamente aquela residência de amigos, ouvindo, confiando, amando, participando, a recíproca acabou sendo verdadeira e começou a existir um intercâmbio entre nossas famílias. Quando somos seminaristas em terras estranhas, qualquer gentileza de afeto, nos faz um bem tremendo e a família Fontana passou a ser minha família. Meu Deus como eu os amava! Amigos de verdade ficam para sempre em nossos corações, assim como as pegadas na alma, que são eternas.
Assim esse meu amigo que, neste dia 15 de julho reencontro, fazendo parte na mesma igreja que pertenço é algo sublime, inacreditável! Coincidência? Ou coisas de Deus, da Divina Providência?
Amigo que foi e continua sendo muito especial e importante. Sua amizade tem um valor enorme, e nada que eu possa dizer a você, pode ser tão especial ou mais significativo do que reencontrá-lo na mesma igreja, como irmão de fé e missionário a serviço de Deus, em plena atividade, num feliz ministério também de doação. Tem para quem puxar.
A vida dá muitas voltas e às vezes nos leva a ficar longe das nossas reais amizades, crescemos, mudamos de cidade, alguns de nós, casaram, outros infelizmente morreram, seguimos cada qual o seu destino, e o contato vai se tornando difícil com o tempo e acabamos nos distanciando, sem mesmo percebermos. Porém, quando o sentimento que nos une fala mais alto, nem a maior das distâncias do mundo é capaz de acabar com a união, quando ela provém do amor de Deus. Nada acontece por acaso!
Reencontrar amigos significa localizar a nós mesmos, é se alinhar com uma porção de nós que existiu e se diluiu, que necessita ser ativada a tempo quando surge a oportunidade. Reencontrar amigo tão querido de um tempo passado é uma dádiva. Voltar a lembrança no passado e recordar as alegrias e brincadeiras de uma fase juvenil onde a convivência era fraterna e sincera. Olhando para o passado, posso lembrar uma época em que a vida foi boa de ser vivida. Éramos todos muito felizes!
Uma amizade antiga querido, hoje honrado Monsenhor Marcos Fontana, é aquela que nos conhece tão bem quanto nós mesmos, não importando o quanto o tempo nos separou sem ter mudado nossos ideais e objetivos. Uma amizade como a que tive por sua família é um tesouro precioso que guardo no fundo do coração e reconheço com gratidão, da qual somente tenho lembranças saudáveis e bonitas. A quantidade de anos que nos conhecemos e estivemos separados não é nada perto do elo que nos une no hoje e agora como anunciadores do Reino de Deus. Nossa amizade é antiga e imortal. Mas Deus criou um jeito de nos reencontramos e isso é magnífico.
Estando em casa, fui surpreendido com uma ligação telefônica de um outro padre, Monsenhor Wagner Sabóia Frota, fazendo-me uma solicitação, e nesse diálogo, perguntei-lhe sobre um encontro de monsenhores realizado na véspera com nosso Arcebispo Primaz, Dom José Fernando de Faria e, por intuição perguntei se por acaso, o Monsenhor Marcos Fontana não era de Três Corações. A resposta dizendo tratar-se de um conterrâneo acendeu em mim a certeza que tratava-se de um amigo que deixei em Três Corações há exatamente 47 anos atrás.
Encontrar-me de novo com alguém, com uma situação já vivida foi emocionante. Assim que terminamos nossa conversa, entrei no Grupo da IVCM e questionei o mesmo e para minha felicidade ousada, segundos depois Mons. Marcos fez contato, nem acreditei quando o celular tocou e pude confirmar tratar-se da mesma pessoa.
Confesso que Lágrimas vieram em nossos olhos, era inacreditável que aquele menino ingressando no seminário dos capuchinhos ontem, era hoje, o venerado monsenhor e padre Marcos Rodrigues Fontana que conheci aos 20 anos de idade.
Reencontrar aquele menino de 14 anos, hoje um homem de 61, é um sentimento de alegria misturado com emoção que não tem preço. Etimologia (origem da palavra reencontrar). de onde surgiu e como evoluiu ao longo dos anos era a pergunta que um fez ao outro, depois de tantos anos passados.
Uma amizade de longa data,que se mantém viva as melhores lembranças e conversamos animadamente recordando bom e saudosos momentos. Também lamentados as baixas dos que partiram e hoje se encontram na esperança da ressurreição. Temos com certeza muitas histórias inesquecíveis para relembrar e contar um para o outro. A saudade e o abraço vão acontecer em Paracambi onde iremos nos reencontrar pessoalmente, Por hora é forte, o reconhecimento de quem encontrou alguém, um presente valioso de Deus.
Esse reencontro trouxe-me a certeza de que a possibilidade que a vida nos dá para fazer tudo diferente, é uma esperança que se renova e que aquece a alma. Mesmo que o tempo passe, amigos de verdade nunca fecham as portas um para o outro, porque são amizades antigas e verdadeiras, conquistadas com amor e benevolência.
Os anos passam, mas nada é capaz de apagar uma amizade que começou na adolescência de um garoto chamado Marcos, durante inicio de minha juventude.. As pessoas vêm e vão, porém, os amigos de verdade permanecem intactos, quebrar essas barreiras é quase impossível, somos hoje ambos padres, servimos por incrível que possa parecer a mesma Igreja Veterocatólica Missionária, que se conecta com as pessoas de todos os lugares do mundo. E toda essa reciprocidade de carinho, cuidado, respeito uns pelos outros ajudam muito no crescimento e desenvolvimento da instituição que pertencemos.
Os sinais de Deus estão vivos e presentes no meio de nós: Sua Palavra, que é anunciada; Seu Corpo e Sangue, que são o nosso alimento; Seu Reino, que se instalou no meio de nós. Faz com que todo o clero crie uma amizade sólida, aquela que nunca acaba, mesmo que apareçam outras pessoas no nosso caminho, alguns amigos não se explica, eles simplesmente existem!
Ao longo de nossa vida muitos amigos passam por ela, deixam saudades, deixam recordações de tudo que foi vivido. Mas só, na amizade verdadeira, que encontramos a sinceridade, lealdade, afinidade, cumplicidade, simplicidade, fraternidade e o verdadeiro amor uns pelos outros conforme ensinou Jesus. Amigos que a vida nos deu para caminhar conosco ao longo da nossa jornada espiritual, extrapolando os limites do tempo, quando e onde Deus assim o permitir. Entrei na vida de Monsenhor Marcos naquele tempo, para reforçar sua vocação, e ele sem querer acabou reforçando a minha.
E mesmo que fiquemos todos esse tempo sem nos vermos, só foi preciso um momento, para que o meu pensamento o encontrasse outra vez. A minha amizade por sua família sempre foi uma parte muito especial da minha vida, jamais esquecida, porque guardo no coração boas lembranças e sempre vou agradecer seus pais, sua avó e seus irmãos por você querido irmão, existir. Está perto o dia de nos reencontrarmos pessoalmente e escrevermos uma nova história.
Nosso companheirismo começou com uma conversa on-line, sem ambos saberem de quem se tratava até então. Meu obrigado padre Wagner Sabóia, sua ligação tinha uma finalidade e ela alcançou seu objetivo. Ás vezes encontramos as coisas mais importantes da vida nos lugares mais inusitados e descobri hoje, como isso é verdade, seja também bem vindo ao meu rol de amizades.
Quanto ao Monsenhor Marcos Rodrigues Fontana, pessoa especial hoje no clero da IVCM para mim principalmente, mesmo que virtual por enquanto, dou muito valor para nosso reencontro e amizade. O verdadeiro amigo é aquele que segue o conselho de Romanos 12:15: “Alegrai-vos com os que se alegram; cho-rai com os que choram.” Foi o que aconteceu quando nossas vozes se uniram em busca de afeto e compreensão, havia um misto de saudades que nos comoveu. E faço minha as palavras de Albert Camus “Não caminhe na minha frente; eu não posso segui-lo no momento. Não caminhe atrás de mim; eu não posso conduzi-lo. Apenas caminhe a meu lado e sejamos sempre amigos”.
Algumas amizades parecem destinadas a permanecerem em nossas vidas para sempre, só precisam de um simples clique para acontecerem, pois são elas a verdadeira razão da felicidade que sentimos em importantes momentos de nossas vidas. As boas lembranças que tenho de vossa reverendíssima pessoa e de seus familiares sempre vão secar as minhas lágrimas e me fazer sorrir, amigo querido! Muito obrigado por sua amizade! Muito, muito obrigado mesmo, do fundo do coração! Que Deus seja sempre louvado neste meu novo Dia de Amigos!
Rev. Frei e Padre Neilo Machado – Prelado