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O sentido do trabalho para os que participam das atividades da IVCM

As certezas nos fecham muitas vezes portas importantes do bom relacionamento. Escutemo-nos. Participemo-nos!

Se tivéssemos que definir o que dá sentido à nossa existência, o que nos configura como pessoas, o que nos encaixa no mundo como padres, um dos aspectos que sublinharíamos é nosso trabalho em prol dos “cansados e oprimidos”. Mesmo se aquele que estamos realizando agora não for “o trabalho dos nossos sonhos”. Por contraste, como seria nossa vida sem trabalhar?

A vocação que Deus nos dá é muito formosa: criar, recriar, trabalhar, abençoar, perdoar, unir pessoas, ser missionários da fé, indica nos, nosso primaz, Dom José Fernando. O trabalho envolve o homem em tudo: em seu pensamento, em sua ação, em tudo. Este papel fundamental do trabalho na hora de dar sentido à nossa existência, requer um aprofundamento do ponto de vista filosófico e teológico.

É esta a formação de que necessitamos do ponto de vista intelectual: quanto mais compreendermos esta realidade – que Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para que o trabalhasse e o guardasse, quer dizer, o sentido vocacional do trabalho humano – mais entenderemos a dignidade que ela traz consigo, porque nos faz parecer-nos com Deus, manifesta nosso ser à sua imagem e semelhança.

Esta abordagem pode ser feita a partir de diversas disciplinas, para compreender com mais profundidade a Criação, a dimensão redentora dos anos em que Cristo esteve trabalhando com José, o sacrifício da Cruz, a ação do Espírito Santo na história, o papel dos leigos na cristianização da sociedade. Tem especial importância, evidentemente, tudo o que diz respeito à virtude da justiça e às exigências morais de cada ser. O estudo nos oferece, por isso, perspectivas novas para entender como santificar o próprio trabalho e reforçar o nosso desejo de fazê-lo.

A par do que ficou dito, está sempre presente a necessidade de aprofundar na dimensão social e de transformação do mundo que a própria dedicação possui e nos impõe. Devemos receber uma tal formação que suscite em nossas almas, na hora de acometer o trabalho nosso de cada um, o instinto e a sã inquietação de conformar essa tarefa às exigências da consciência cristã, aos imperativos divinos que devem reger na sociedade e nas atividades dos homens.

Quem tem experiência do que faz, como lugar de santificação, deseja que essa experiência chegue a todas as pessoas, não só proporcionando meios espirituais para dar sentido ao trabalho de cada um, mas agindo para que todos tenham trabalhos dignos e significativos.

Homens capazes

A realização cotidiana do trabalho proporciona uma oportunidade para o exercício das virtudes humanas. É um lugar de treino muito útil para todos aqueles que querem melhorar como pessoas: como em toda academia, para atingir um nível alto de satisfação é necessário frequentá-la com constância, embora neste caso uma grande dose de ajuda sobrenatural seja acrescentada pela graça e pela boa vontade.

A formação humana, e os encontros proporcionados pela IVCM – Igreja Veterocatólica Missionária, tem nos ajudado a colocar em foco a atenção da disciplina em virtudes que nos capacitam para tornar realidade o desejo de aprimorar nosso servir as outras pessoas, virtudes que poderíamos chamar de organização e projetos para uma igreja cada vez mais eficiente. Por exemplo, poderíamos incentivar outros irmãos de outras regiões interessada e ativa no trabalho a uma união conjunta para trocarmos experiências, com desejo de aprender com outros e ao mesmo tempo ensinar.

Na relação com cada pessoa, como explica Dom Nildemar Andrade Santos ao falar da conversa entre Jesus e o jovem rico: “Vai vende tudo o que tem, dê aos pobres e siga-me “quando ouvimos essa passagem com o coração sucede o seguinte: abrimos nossas portas de trabalho para que outro possa mostrar seu trabalho e assim aperfeiçoar o nosso, por este motivo considero esses encontros altamente importantes; o outro se sente acolhido, não julgado, livre para contar a própria experiência de vida e o próprio caminho espiritual. E também em sentido mais amplo: O Espírito nos pede que nos ponhamos à escuta das perguntas, dos anseios, das esperanças da Igreja, de cada povo e cada estado brasileiro, cada qual nos mostrando, seus costumes e tradições. E também à escuta do que nos será ministrado, dos desafios e das mudanças que nos apresentam em prol da IVCM que tanto amamos. Não façamos isolamento pessoal, quem não se ajunta se espalha, não nos blindemos dentro de nossas certezas. As certezas nos fecham muitas vezes portas importantes do bom relacionamento. Escutemo-nos. Participemo-nos!

Muito unida a este aspecto, a virtude da humildade de todo o clero, leva-nos a reconhecer que necessitamos um dos outros, bem como a perceber como podemos colaborar e fazê-lo generosamente para que o entrosamento seja momentos também não só de aprendizados mas de reconhecimento, de fraternidade entre irmãos que trabalham para o mesmo ideal.

A capacidade de colaborar com outros e de contar com todos é uma exigência não apenas do nosso primaz e ela deve ser considerada necessária neste nosso mundo de trabalho; sabendo – estimular a liberdade e a responsabilidade de cada um e pondo sua autoridade para que esta união aconteça de modos satisfatórios onde todos poderão apresentar seus talentos.

Outra virtude que se desenvolve é o compromisso, uma palavra que, às vezes, provoca pavor e muitos não estão nem aí com certas responsabilidades, prometem e não cumprem, se calam e na hora h trazem na bagagens enumeras justificativas para não se fazerem presentes. Eu sou um incentivador e Pouso Alegre estará sempre de Portas Abertas para receber em sua Prelazia homens de Deus que estejam disponíveis para o trabalho missionário.

O que nos leva à reflexão é, no entanto, as consequências do medo do compromisso. Dos gastos muitas vezes escassos para todos em tempos tão difíceis e caros para se sobreviver. Mas como posso construir algo valioso que permaneça no tempo sem compromisso? É possível atingir uma meta sem abrir mão de outras possibilidades pelo caminho? Sabemos bem a resposta e não há dúvida de que, da mesma forma que em outros campos pessoais, também no trabalho o compromisso pode ser árduo, porque implica renúncias ou requer um esforço contínuo e se não soubermos separar o joio do trigo, como homens de Deus, perderemos nosso tempo como padres.

O compromisso também é imprescindível para viver a honradez, a justiça e a responsabilidade pessoal. Dá capacidade de ser fiel ao que a própria consciência indica como justo, embora, inclusive, estejam estendidos comportamentos contrários em nosso ambiente profissional porque sobre a face da Terra há um tempo para tudo. Há um proverbio que reza: “Nunca falta tempo, as pessoas verdadeiramente ocupadas”. Reforço aqui a preocupação do nosso primaz, sempre ativa para humanizar o nosso ambiente de trabalho e promover condições dignas de aprendizados para todos. Agosto o nosso finalmente mês do nosso II Encontro do Clero da Região Sudeste.

Pe. Neilo Machado – IVCM

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