Pedro é a pedra e sobre ele a edificação da igreja e Paulo é a coluna do edifício espiritual desta Igreja
No dia 29 de junho, a Igreja celebra a Solenidade de São Pedro e São Paulo. No Brasil a Solenidade é transferida para o próximo domingo, quando a data cai em dia de semana como aconteceu agora em 2023.
Entretanto, muitos fiéis questionam as verdadeiras razões do motivo de a solenidade de ambos os apóstolos serem celebrada no mesmo dia. Vejamos: Em um sermão do ano 395, o Doutor da Igreja, Santo Agostinho de Hipona, expressou que São Pedro e São Paulo, “na realidade, eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebra-se o Dia Festivo consagrado para nós pelo sangue destes apóstolos. Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações destes dois apóstolos que deram suas vidas em prol do Cristianismo”.
Foram detidos na prisão Mamertina, também chamada Tullianum, localizada no Foro Romano na Roma Antiga. Além disso, foram martirizados nessa mesma cidade, possivelmente por ordem do imperador Nero que na época atribuiu o incêndio de Roma aos Cristãos.
São Pedro passou seus últimos anos em Roma liderando a Igreja durante a perseguição e até o seu martírio que aconteceu no ano 64. Foi crucificado de cabeça para baixo, a pedido próprio, por não se considerar digno de morrer como seu Senhor. Foi enterrado na colina do Vaticano e a Basílica de São Pedro está construída sobre seu túmulo.
São Paulo foi preso e levado a Roma, onde foi decapitado no ano 67. Está enterrado em Roma, na Basílica de São Paulo Extramuros. De fato, a comunidade cristã desta Cidade viu neles uma espécie de antítese dos mitológicos Rómulo e Remo, o par de irmãos a quem se atribui a fundação de Roma”. O que se sabe é que desde sempre a tradição cristã tem considerado São Pedro e São Paulo inseparáveis: na verdade, juntos, representando todo o Evangelho de Cristo.
Na vida destes dois apóstolos vemos o efeito produzido pelo pecado de dois irmãos: Caim mata Abel, Pedro e Paulo, apesar de ser humanamente bastante diferentes e não obstante os conflitos que não faltaram no seu mútuo relacionamento, realizaram um modo novo e autenticamente evangélico de serem irmãos na fé, tornado possível precisamente pela graça do Evangelho de Cristo que neles operava.
Esta celebração recorda que São Pedro foi escolhido por Cristo – “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” – que humildemente aceitou a missão de ser “a rocha” da Igreja e apascentar o rebanho de Deus, apesar de suas fragilidades humanas e o ter negado três vezes.
Os Atos dos Apóstolos ilustram o papel de Pedro como líder da Igreja depois da Ressurreição e Ascensão de Cristo. Pedro dirigiu os apóstolos como o primeiro Papa e assegurou que os discípulos mantivessem a verdadeira fé.
Quando Jesus pergunto aos seus apóstolos quem o povo dizia ser ele, e o que eles explicam ser a sua pessoa, Pedro faz a sua confissão de fé em Jesus, reconhecendo-o como Messias e Filho de Deus; fá-lo também em nome dos outros apóstolos. Em resposta, o Senhor revela-lhe a missão que pretende confiar-lhe, ou seja, a de ser a ‘pedra’, a ‘rocha’, o fundamento visível sobre o qual está construído todo o edifício espiritual da Igreja”.
São Paulo foi o apóstolo dos Gentios. Antes de sua conversão, era chamado Saulo, mas depois de seu encontro com Cristo e conversão, continuou seguindo para Damasco, onde foi batizado e recuperou a visão. Adotou o nome de Paulo e passou o resto de sua vida pregando o Evangelho sem descanso às nações do mundo mediterrâneo.
“A iconografia tradicional apresenta São Paulo com a espada, e sabemos que esta representa o instrumento do seu martírio. Mas, repassando os escritos do Apóstolo dos Gentios, descobrimos que a imagem da espada se refere a toda a sua missão de evangelizador. Por exemplo, quando já sentia aproximar-se a morte, escreve a Timóteo: ‘Combati o bom combate’ (2Tm 4,7); aqui não se trata seguramente do combate de um comandante, mas daquele de um arauto da Palavra de Deus, fiel a Cristo e à sua Igreja, por quem se consumou totalmente. Por isso mesmo, o Senhor lhe deu a coroa de glória e colocou-o, juntamente com Pedro, como coluna no edifício espiritual da Igreja”, expressão maior aos martires fundadores da Igreja Católica e Apostólica.
Padre Neilo