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Maria, modelo dos Missionários

O modo mais sincero de amar e venerar a virgem Maria é imitando-a vivenciando suas
virtudes

Ao passo que medito para a escrita dessas linhas, meu pensamento viaja pelo Antigo Testamento, onde muitos dizem não encontrar ali nada sobre a Virgem Maria. Faço parada no livro de Isaías 7,14 onde se lê: “eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará de Emanuel”. Tal passagem nos diz muito. Descortina algumas verdades, principalmente a de que Deus sempre pensou na Virgem Maria, ou seja, ela sempre foi sonhada e quista para colaborar com o plano de salvação.

Os Pais da Igreja, ao escrever sobre a Mãe de Deus, usaram muitos exemplos que a caracterizavam como: “terra trabalhada por Deus”, “aqueduto pelo qual nos vem a Graça”, “Sarça Ardente”, “Nova Eva”, “Arca da Aliança”, “Espelho para os cristãos”…etc.

Há muitos outros exemplos por objetividade, fixemos nosso pensamento neste último. Embora tal expressão tenha caído em desuso, seu sentido perpassa a história do cristianismo. Maria continua espelho para todo cristão. Os Pais da Igreja a chamaram de espelho para indicar que aqueles que a veneram, são convidados a olhá-la e nela se espelhar, ou seja, permitir que assim como diante de um espelho se vê a própria imagem refletida, também ao se colocar diante de Maria, devemos ver nossa figura nela refletida. Simplificando, a Virgem Maria deve ser modelo, para todo cristão missionário, aquilo que ela foi devemos buscar ser também.

A Igreja desde os primeiros séculos venerou a Virgem Maria. Temos exemplos fartos nos evangelhos, bem como na caminhada do povo de Deus. São dos primeiros séculos, belos hinos, antífonas, prefácios, orações, pinturas, procissões exaltando a toda bela Santa Mãe de Deus. Coloco em destaque a oração mais antiga que se tem conhecimento: “Sub tuum praesidium”, é uma oração comunitária do III século onde se pede a proteção da Virgem Maria, oração que ainda hoje traduzida para o português, rezamos: “Sob vossa proteção recorremos santa Mãe de Deus, não desprezeis nossas súplicas em nossas necessidades, livra-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita”.

Os exemplos descortinam a grande verdade, a Virgem Maria desde sempre foi venerada pelos cristãos e tomada como exemplo.

O tema sugerido para esse pequeno texto nos convida a pensar e rezar Maria como modelo para os Missionários. Pelo batismo, somos todos missionários na vinha do Senhor. Vamos refletir sobre a Mãe de nosso Senhor como modelo para os missionários consagrados. Quando rezamos esta temática, permitimos que nosso pensamento volte para o evangelho de João, onde narra Maria ao pé da cruz “Nossa Senhora das Dores” (Jo 19, 25-27).

Ali, o diálogo de Jesus com o discípulo amado e sua mãe se fez necessário para concluir sua missão. As últimas palavras de Jesus foram sobre sua mãe, em um momento de abandono, vê ali o que de mais precioso lhe restava: sua mãe! Em nobre gesto, entregou mãe e discípulo um ao outro, após entregou seu espírito a Deus.

A atitude do discípulo diante do que disse Jesus foi uma apenas, acolher Maria. Ela é assumida como mãe, não só em uma casa material, mas também em todas as casas do mundo. Maria passou a constituir um dos bens espirituais que o discípulo recebeu de Jesus. Se até aquele momento ela era só mãe de Jesus, depois passa a ser mãe do discípulo que representa toda a comunidade, passa a ser mãe e modelo à Igreja, de todos nós.

A Virgem Maria é mãe, a seu exemplo a Igreja se torna geradora e mãe pelas águas do santo batismo; a Virgem Maria é virgem antes, durante e após o parto, a Igreja é virgem por ser inviolada; Virgem Maria é exemplo de missionária seguidora de Cristo, a Igreja é chamada a seguir Cristo e ser missionária no mundo; e todo missionário gerado e vocacionado pelo batismo, é convidado a imitar a Virgem Maria.

Em nossa missão, como a Virgem Maria, somos convidados a sermos “pais e mães” que contribuem para que muitos filhos e filhas sejam gerados no seio da Mãe Igreja; olhando para a Virgem Maria, somos chamados a preservar as belezas dos ensinamentos da Igreja que jamais podem ser violados; olhando para a Virgem Maria missionária seguidora de Cristo, somo convidados a imitá la, nos colocando em caminhada ao encontro do povo de Deus, sendo uma Igreja Veterocatólica Missionária em saída como nos exorta o Arcebispo Primaz Dom José Fernando de Faria presidente da IVCM no Brasil.

A encíclica IVCM deixa claro que acolher a Virgem em casa espiritual, é acolhê-la em comunhão de vida; em todo espaço, isso é, em nosso “eu” humano e cristão, no “coração”. É acolhê la na nossa fé, em nossos afetos, em nosso empenho missionário, em nossa juventude que busca a vida religiosa, em nossos problemas, em nossas famílias, na sociedade, na nação, em toda a humanidade, ou seja, ela deve ser acolhida e tomada como exemplo em todos os âmbitos de nossas vidas em todos os lares reconhecida como a mãe de Jesus, mãe de Deus.

Jesus ao entregar sua mãe ao discípulo amado, a propõe como exemplo à Igreja, nos convida a “guardá-la” como mãe. Também a Igreja nos convida a assumir seu estilo de vida, imitando-a, uma vez que, o modo mais sincero de venerar e amar a Virgem Maria é imitando-a, vivenciando suas virtudes: fé obediência, oração, pobreza, serviço, sabedoria e dor. Sobretudo buscando como ela, abraçar nossa vocação de missionários.

Aqui, nosso coração deve voltar para o evangelho da Anunciação (Lc 1, 26-56), onde vemos a Virgem Maria que ao corresponder ao chamado de Deus, não pede para esperar um pouco mais, não pede exceções, imediatamente se desloca em missão para casa de Isabel, aquela que estava precisando de apoio, e para ali, a Virgem não foi repousar, passear, tirar férias, foi para servir. Tal qual a Virgem, somos chamados a servir, e o serviço ao outro é das mais belas formas de amar, servir a Deus e ser missionário.

Direto da Redação baseado num texto do Pe. Valdivino Guimarães

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